terça-feira, 19 de julho de 2011

Schubert, o idealizador da Orquestra de

Lembrar a origem da Orquestra de Concertos de Erechim é reverenciar a memória do maestro Frederic Schubert. Ambos estão intimamente ligados. A orquestra nasceu por sua inspiração em 1949, quando recém tinha chegado em Erechim.
Schubert era austríaco e sua família dedicava-se ao ramo fotográfico nas cidades de Viena e Tirol. A fotografia e a música sempre andaram juntas em sua vida. Schubert tirou fotos de celebridades do cinema como Greta Garbo, Betty Davis, Leni Riefenstahl, entre outras. Como violinista tocou sob regência do italiano Arturo Toscani na Orquestra Sinfônica de Viena.
A Segunda Guerra Mundial teve início e tudo mudou. Frederic Schubert foi convocado. Esteve num campo de concentração alemã. Sobreviveu aos horrores da guerra e resolveu sair da Europa. A Áustria estava um caos. Não havia comida nem trabalho. Schubert tinha planos de emigrar para os Estados Unidos ou Canadá. Da Àustria foi para a Suiça, onde trabalhou um tempo como fotógrafo. Juntou dinheiro, reviu seus planos e decidiu vir para o Brasil.
Com a mulher Anny Prasmarer e as filhas Traudel e Heleni desembarcou em Santa Catarina em junho de 1949 indo direto para Ibicari. O lugar era pequeno demais. Em outubro deste mesmo ano, a família chega em Erechim, onde acreditava que teria um futuro melhor. Com a máquina á tiracolo começou a fazer o registro das festas no interior das colônias. Em suas andanças, Frederic Schubert conheceu e passou a ter seguidos contatos com os músicos da cidade. Sua casa torna-se um reduto musical com a frequencia de alunos.
Ao observar tantos talentos dispersos, Frederic Schubert lança a proposta da formação de uma Orquestra de Concertos para Erechim.



A idéia ganha logo adeptos e seis meses depois, no dia 10 de junho de 1950, conforme registro do livro de atas, foi realizado um encontro para organização de uma sociedade musical com a finalidade de cultivar a boa música e de promover concertos. Por unanimidade ficou resolvido que a sociedade ora fundada tomaria o nome de Orquestra de Concertos de Erechim. Para administrar esta sociedade foi eleita uma diretoria que assim ficou constituída: Presidente: Darvil Faron; Vice-Presidente: Max Heldenwin; 1° secretário: Osvaldo Engel; 2° secretário: Pedro Paulo Mandelli; 1° tesoureiro: Irma Sponchiado; 2° tesoureiro: Arthur Sperger. No Conselho Deliberativo estavam Carlos Irineu Pieta, Venturino Faccin, Francisco Koller, João Scrabe e Cristiano Haffner.
Em seu trabalho Maestro Frederic Schubert – Uma vida dedicada á música, a pianista Lory do Amaral Santos resgata a figura do músico austríaco e descreve a intensa dedicação do maestro para com a orquestra: Escrevia todas as partituras para todos os músicos e instrumentos. Era um trabalho cansativo e para o qual é preciso muita paciência e amor á arte. Ás vezes era ajudado pelas pianistas Berta Engel e Elza Kreische. Elas ajudavam quando dispunham de tempo, mas depois da morte delas, Schubert fazia tudo sozinho.
A comunidade erechinense aguardou com devida ansiedade a estréia da Orquestra de Concertos que ocorreu no dia 6 de setembro de 1950 no Palco do Cine Teatro Apólo. Foi uma noite jubilosa e coroada de aplausos que prognosticaram uma longa existência para a orquestra.



A programação está dividida em duas partes. A primeira constava de: Hino Nacional, Ouro e Prata, valsa de Fraz Lehar, Schreefeld March, de Ziehrer, Intermezzo da Cavalaria Ligeira, de Mascagni, e Não te Esqueças de Mim, com um solo do barítono erechinense Alderico Massignan. O segundo momento teve: Danúbio Azul, de Johann Strauss, Marcha do Coração, da ópera O Profeta, de Mayerbier, Reverie de Shumann, um solo de sax por Aristeu Barbosa, Parla-me Amore por Alderico Massignan, Begin The Begun, de Cole Porter, e Viena, sempre Viena, de Schramell.
A década de 50 foi pródiga para a Orquestra de Concertos de Erechim que fez seguidas apresentações não só no Município mas em cidades vizinhas e em outros Estados. Sua atuação, por ser de uma cidade do interior, repercutiu no centro do País. A primavera de 1967 registrou um momento expressivo para a Orquestra que se apresentou no Teatro São Pedro, Porto Alegre, num concerto em homenagem á Assembléia Legislativa, comemorativo da inauguração do Palácio Farroupilha.
Frederic Schubert ficou á frente da Orquestra de Concertos de Erechim até 1968. Aborrecido e desgostoso com os problemas que ocorriam na Orquestra, Schubert saiu de Erechim e foi para Resende, Rio de Janeiro, onde morreu em 1978. Para Lory do Amaral Santos, o maestro Frederic Schubert não teve ainda o merecido reconhecimento por parte da comunidade erechinense: O maestro amava a cidade, seus músicos, o povo e seus amigos. Através de sua música divulgou muito o Município.



Além da Orquestra de Concertos, ele criou uma banda municipal, uma orquestra infantil, um conjunto de câmara infantil e é autor da música do Hino de Erechim. Schubert sofreu várias injustiças. Ele saiu triste de Erechim. Levou seu violino e nunca mais quis tocar e nem regressou á cidade. Nas cartas que escrevia demonstrava toda a sua mágoa.

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